AGING INSTITUTE PODCAST

Luz Azul - Alterações do sono e dos olho

Episode Summary

Os Oftalmologistas Dr. Renato Neves e a Dra Livia Andrade kuhl falam sobre os efeitos nocivos da luz azul no sono e para os olhos, nesse novo episódio do Aging institute Podcast

Episode Notes


Primeiro ponto importante: porque estamos falando tanto sobre a luz azul?

Vivemos na era digital e passamos cada vez mais tempo trabalhando e administrando nossas vidas em aparelhos como smartphones, tablets e computadores.

Essa mudança no estilo de vida tornou a população em geral mais ciente das emissões de luz azul e do seu efeito potencialmente nocivo sobre nossos padrões de sono e nossa visão.

1- O que é a luz azul?

Para entendermos o que é luz azul, precisamos conhecer um pouco o funcionamento do sistema visual humano. Apenas uma parte bem pequena do espectro eletromagnético pode ser vista pelo sistema visual humano. Normalmente nos referimos a ela como "espectro de luz visível" (VIS). O espectro de luz visível (VIS) possibilita a visão e a percepção de informações visuais.

A luz azul faz parte desse espectro de luz visível e se origina tanto de fontes naturais quanto de artificiais. Ela tem o comprimento de onda mais curto do espectro de luz visível, mas a energia luminosa mais elevada.

O comprimento de onda é medido em nanômetros, e o olho humano enxerga a luz entre aproximadamente 380 e 780 nm, intervalo localizado entre as bandas adjacentes de radiação ultravioleta (UV) até 400 nm e radiação infravermelha (IV) a partir de 780 nm.

2- De onde vem a luz azul?

De fontes naturais : sol é a principal fonte
De fontes artificiais: lâmpadas incandescentes, lâmpadas de descarga de alta pressão e os diodos semicondutores, de uso cada vez mais frequente (os emissores tipo LED são importantes fontes artificiais de luz azul).

3- Falando um pouco sobre luz e visão… como funciona esse processo visual entre ambos?

Simplificando, a luz penetra o olho e ilumina o fotorreceptor da retina. Dependendo da geometria, intensidade e composição espectral da luz que entra, fotorreceptores diferentes geram sinais específicos. Esses sinais são então direcionados ao longo da via óptica até o cérebro, onde são processados no córtex visual para ajudar na percepção dos objetos à nossa volta.

4-E além da visão? Onde mais há impacto das cores?

o impacto das cores vai além do processamento óptico. Elas estão conectadas aos nossos sistemas biológicos e fisiológicos, que podem influenciar e alterar nosso biorritmo e nosso bem-estarfísico e psciológico. Portanto, as cores podem alterar a nossa percepção do ambiente, evocar associações e emoções e influenciar os ritmos corporais e o humor.

5- O que a luz azul faz com os nossos olhos?

A luz azul é necessária para que o olho humano enxergue cores e contrastes, e o fotoarrastamento da luz azul através das células ganglionares fotossensíveis da retina é fundamental para nosso bem-estar.

Felizmente, há evidências de que as telas digitais não danificam diretamente a retina. Contudo, há determinados efeitos óptico-físicos relacionados à passagem da luz azul pelo meio ocular (cristalino e vítreo). Esses efeitos estão relacionados a qualidade visual reduzida e desconforto visual perceptível.

O problema então é o EXCESSO de luz azul oriunda de aparelhos digitais que pode perturbar nosso conforto visual, provocando o que muitas pessoas descrevem como "incômodo visual".

6- Mas se a luz azul é necessária para os nossos olhos porque estamos bloqueando ela com óculos com filtro de luz azul? Afinal ela é benéfica ou maléfica?

Uma vez que produz efeitos tanto benéficos quanto prejudiciais, o espectro da luz azul não pode ser classificado somente como bom ou ruim para os olhos. Se pretendemos minimizar o risco de dano ocular, isso precisa ser feito com muito cuidado para não provocarmos outros problemas.

Por exemplo, antigamente algumas lentes continham elementos que absorviam a luz, reduzindo a passagem de toda ou quase toda a luz azul. Se esse processo não for muito bem planejado, podem ocorrer diversos problemas.

 Em primeiro lugar, as lentes bloqueadoras de luz azul podem fazer os objetos parecerem amarelos ou laranjas demais. Em geral, essas lentes não são muito bem toleradas.

O segundo problema é o impacto negativo sobre o contraste e a visão colorida.

E a terceira desvantagem das lentes que removem toda a luz azul é que pode haver um efeito negativo sobre a regulação dos nossos ritmos circadianos.

Portanto, quando se trata de luz azul, precisamos agir de forma equilibrada. Por um lado, queremos proteger a retina contra níveis desnecessariamente elevados de luz azul oriunda principalmente do sol. Também queremos reduzir de forma moderada a quantidade de luz azul proveniente de aparelhos digitais para evitar o desconforto visual e ajudar a controlar a famosa fadiga ocular digital (DES). Por outro lado, não queremos bloquear a luz azul benéfica, pois isso pode afetar nosso ciclo de vigília e sono.

Como podemos ver, a proteção dos olhos e, em especial, das estruturas intraoculares contra a luz azul não é um processo simples. A cobertura ocular com filtros de cores fortes e bloqueadores é eficaz, mas implica graves restrições à visão, percepção e bem-estar.

Um desafio complexo e extremamente técnico é a criação de um filtro inteligente contra luz azul, capaz de atenuar a banda espectral desejada, porém dentro das limitações aceitáveis para o usuário. Ou seja, um filtro que bloqueie a luz azul maléfica mas que deixe passar a luz azul benéfica, digamos assim.

7- e em crianças e adolescentes, posso usar filtro de luz azul?

Uma vez que esse assunto começou a ser discutido recentemente, ainda não há estudos conclusivos sobre os possíveis efeitos prejudiciais da exposição excessiva à luz azul digital durante a noite. Contudo, a luz artificial à noite realmente afeta os ciclos naturais de sono-vigília, principalmente em crianças e adolescentes. Por isso, de forma geral, nós oftalmopediatras ainda evitamos prescrever filtro de luz azul para as crianças e adolescentes.

8-A luz azul afeta que região do olho? E como isso ocorre?

Estudos científicos comprovam que a exposição inadequada das células ganglionares fotorrecptoras da retina à luz azul pode agravar determinados problemas oculares relacionados à idade, como degeneração macular.

A luz azul pode ocasionar dispersão intraocular e aberrações cromáticas que supostamente contribuem para a patologia da fadiga visual digital.

9- O que é fadiga visual digital?

A fadiga ocular digital é um problema de saúde pública emergente caracterizado por perturbações visuais e/ou desconforto ocular. Com o uso
crescente de aparelhos digitais no trabalho e em atividades diárias é uma tendência mundial. A fadiga visual digital é uma combinação de problemas dos olhos e da visão provocados por trabalho visual excessivo em computadores, smartphones, leitores eletônicos e outros aparelhos semelhantes. Entre os sintomas da DES estão fadiga da musculatura ocular, desconforto ocular, olhos cansados e coçando, dor de cabeça, visão embaçada e visão dupla. Esses sintomas podem estar relacionados a estruturas oculares e incluir olhos secos (ohos queimando ou lacrimenjando, secura, irritação), ou a processos visuais como visão refratada, acomodativa ou binocular.
*Aí acho que aqui podemos começar a falar sobre fadiga ocular, falsa miopia, espasmo de acomodação e todas as outras alterações relacionadas ao uso excessivo de telas.
Podemos dar dicas de como diminuir esses sintomas ex: regra do 20/20/20, mudar a luz do celular a noite, usar colírios lubrificantes, fazer atividades outdoor etc .